terça-feira, 22 de junho de 2010

filme: LEMBRANÇAS, Allen Coulter


Eu assisti apenas ao primeiro filme da saga vampiresca, e isso não me tornou um dos milhares de fãs do ator Robert Pattinson. O que me levou a assistir ao Lembranças (Remember me/2010) foi uma matéria sobre o filme, que assisti na televisão, e as presenças de Chris Cooper e Lena Olin, dos quais aprecio muito o trabalho.

A trama gira em torno de Tyler Roth (Pattinson), um jovem melancólico, que ainda não conseguiu se recuperar do suicídio do irmão. O relacionamento com o pai Charles Roth (Pierce Brosnan), um importante empresário, é a zona de conflitos. A distância entre eles se tornou ainda maior, depois da morte de Michael.

Ally (Emily de Ravin) é uma jovem que assistiu ao assassinato da mãe, em uma estação de metrô, ainda menina. Seu pai, Neil Craig (Chris Cooper), é um policial atormentado com a morte da esposa. Quando Ally e Tim se encontram, ambos começam a perceber que a vida pode ser menos dolorida do que vem sendo.

Lembranças é um filme denso, mas delicado em muitos aspectos. As emoções desencontradas que permeiam o relacionamento entre Ally e Tyler, assim como a carga emocional que Pattinson e Ravin emprestam aos seus personagens, fazem com que a simplicidade da leveza que alcançam, em alguns momentos da trama, mostre a importância de se desapegar da sensação de solidão completa.

É uma história difícil contada com a sutileza necessária para que nós, os espectadores, possamos compreender a sua beleza. E sim... Robert Pattinson está muito bem no filme. É um bom ator que, espero, escolha outros papeis como o de Tyler Roth para viver.



quarta-feira, 9 de junho de 2010

livro: A DANÇA DOS DEUSES, Hilário Franco Júnior

Sei que é arriscado, e talvez não muito correto, indicar um livro antes de tê-lo concluído, mas há precedentes: não preciso esperar o sol terminar de se pôr para indicá-lo para alguém. Sim, eu sei que o pôr-do-sol se acaba e que o livro continua disponível, mas no dia seguinte também temos um novo pôr-do-sol. Muitas vezes a graça está em compartilhar o momento, e não quero que vocês percam a chance de ler este livro no momento mais propício, já que o momento só se repetirá daqui a quatro anos, na Copa do Mundo do Brasil.

Não se assustem por ser um livro sobre futebol. Claro que o futebol é muito melhor jogado ou assistido, mas ele lido também pode ser muito bom, como já o demonstrou antes o Eduardo Galeano com o seu "Futebol ao sol e à sombra". O livro de Galeano lidava mais com o pitoresco, já "A dança dos deuses — futebol, sociedade, cultura", do Hilário Franco Júnior, tem uma abordagem mais densa, digamos assim.

O livro é dividido em duas partes. Na primeira, é feita uma história mais cronólogica do futebol, indicando os jogos que lhe deram origem e a forma como foi se constituindo o futebol como o conhecemos hoje. Hilário analisa o desenvolvimento do futebol na Europa e no Brasil, fazendo articulações com a história de cada um.

Na segunda parte, a abordagem é temática, tratando de aspectos sociológicos, antropológicos, psicológicos, religiosos e linguísticos do futebol. A leitura se torna mais leve, as páginas passam mais rápido e, no exercício das várias metáforas do futebol, a gente sente um certo gostinho da emoção que é própria ao esporte.

Leiam esse trechinho em que é feita uma associação do futebol com a dança:
"Na Europa medieval, em certos momentos do calendário litúrgico havia danças inclusive no interior das igrejas. Como a hieraquia eclesiástica temia, contudo, que a sensação algo hipnótica dos movimentos rítimocos levasse ao estado de transe e assim à comunicação direta com Deus, a partir do século XVI a dança passou a ser reprimida. A longo prazo, a supressão de danças sagradas contribuiu para a crise espiritual do Ocidente no século XIX, como Nietzsche percebeu. Não se poderia, então, formular a hipótese ousada, mas talvez fecunda, de que se o futebol surgiu naquele momento foi como resposta espontânea àquela falta?" [pág. 224]

Fica então o convite para, entre um jogo e outro desta Copa do Mundo da África, vocês me acompanharem na leitura deste livro que dança com as palavras e com a ideia que temos do futebol.