segunda-feira, 9 de novembro de 2009

livro: POEMAS ESCOLHIDOS, Emily Dickinson

Fernando Pessoa não vale. É Deus. O melhor poeta em língua portuguesa que conheço é Cecília Meireles. Então não foi surpresa quando descobri o melhor da poesia em língua inglesa nas palavras de uma mulher: Emily Dickinson.

The Grass so little has to do —
A Sphere of simple Green —
With only Butterflies to brood
And Bees to entertain —

Neste pequeno livro de bolso que indico, uma edição bilíngue que traz uma pequena coletânea dos poemas de Emily Dickinson, Ivo Bender traduz essa estrofe de poema assim:

Bem pouco a fazer tem o pasto:
Reino de irrestrito verde,
Só tem borboletas para criar,
E abelhas para entreter —

Eu sou mais da turma do pé-da-letra e da métrica, e traduziria assim:

A Grama tem pouco a fazer —
Esfera Verde e simples —
Borboletas para cuidar
Abelhas a entreter —

Sempre considerei que o teste da poesia é a música. Assim como em sua origem — quando era cantada — poesia boa, verdadeira, tem que ser potencialmente musicável, mesmo que nunca seja realmente. Leio poesia com o ouvido interno atento à música e, de vez em quando, eu a escuto com clareza, feito quando li esse poema da página 79:

All the letters I can write
Are not fair as this —
Syllables of Velvet —
Sentences of Plush,
Depths of Ruby, undrained,
Hid, Lip, for Thee —
Play it were a Humming Bird —
And just sipped — me —


Na música, mudei levemente o assunto de "carta" pra "canção", e ficou assim:



Então é isso. Se dê ao prazer de entrar no universo delicado e estonteante da poesia de Emily Dickinson. Boa leitura!

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