
Um casal de amigos me indicou. Eu já ouvira falar sobre ele, mas eu demoro um pouco para engatar o desejo de assistir filmes, enquanto eles ainda estão sendo comentados. Depois que perdi a chance de assisti-los no cinema, eu espero. Tenho esse timing esquisito quando se trata de filmes.
“Não por acaso” (2007) é um filme sobre mudanças que nos tiram a segurança das certezas e da metodologia com a qual seguimos com nossas vidas, quando pensamos que manter as coisas como são, e acreditar que nada poderá mudar isso, é uma escolha.


Dirigido por Philippe Barcinski, também co-autor do roteiro, a beleza de “Não por acaso” está na cadência das perdas e na reinvenção dos personagens. Leonardo Medeiros e Rodrigo Santoro tecem muito bem essa história, com toda densidade que cabe na interferência do destino nas biografias dos personagens. Quem pensa que a vida está pronta quando ela é organizada e previsível, apenas engana a si mesmo. Somos todos passíveis das mudanças, mesmo quando não as previmos ou desejamos.
“Não por acaso” foi uma grata surpresa. É um filme que tem seu próprio tempo, que nos deixa em suspenso ou simplesmente reflexivos, em determinados momentos. A fotografia é intrigante, como a própria cidade, o roteiro está muito bem amarrado, tornando a ligação entre os personagens importante para a compreensão da trama.
Fotos: Marcos Camargo