quarta-feira, 16 de setembro de 2009

disco: ALEGRIA GIRAR, Validuaté


Este é o segundo cd da banda piauiense Validuaté. Prometi o cd como presente a um caro amigo cearense que passa uma temporada em Brasília. Promessa comprida e ainda não cumprida, mas de todo modo o CD chegou primeiro neste blog, como minha participação inicial.


A capa é linda e não é tudo. Se a menina black joga ou segura a isca ou a linha da pipa (pandorga, papagaio) na capa, se as janelas estão todas ou quase todas abertas, na contra capa há um lindo peixe pretensamente francês (sabe-se depois) em sua saga, e um guardachuva vermelho. Se as nuvens habitam as paredes,
o céu está no chão...



“Caminhos não há,
mas os pés na grama os inventarão.
Aqui se inicia uma viagem clara rumo à encantação”.

Promessa lida pelo bardo Ferreira Gullar.

Promessa cumprida pela banda piauiense, universitários com origem mezzo Teresina, mezzo União (cidade próxima à capital).





São 13 canções, letras originais de compositores múltiplos, sons piauienses e universais. Tambores, pop-rock, brega trash-romântico, cavaquinhos e sambas indies, canto gregoriano (dispensável), baladas de amor e desamor, temas líricos e épicos para corações e mentes, numa mistura elegante, inteligente e original.
E piauiense porque não.

O trabalho conta com participações especiais: a vinheta com o Ferreira Gullar na abertura dos trabalhos, a locução do Isaac Bardavid com narração de excertos trovejantes na “Lenda do Peixe Francês” — uma das melhores letras — e um texto cinemascópico para o próximo Anima Mundi, de Thiago e (poesia, cavaquinho, pandeiro e vocais). Vejam se não daria um ótimo enredo de desenho animado.


Lirinha do Cordel do Fogo Encantado pontua a quilométrica e engenhosa “Hermeto e o Gullar” (a propósito...alguém já viu a orelha da Maria Bethânia?). Da Bahia, Zéu Brito, baiano com incursões em diversas artes, e a parceria em ‘Bruta como Antigamente”, com pitadas sadomasoquistas hilárias. Márcio Greyck não canta no CD, mas de sua lavra os meninos transmutam “Eu preciso de você” — em leitura inspirada.

E as composições da banda, os vocais do José Quaresma, os instrumentos e arranjos que garantem uma sonoridade parceira da qualidade acima da média das letras.


Há grandes versos:

de “Cortesia”: soturno vão há em meu coração...sem me tocar sou luz em refração...a soluçar um riso indolor...se fico só em meio a multidão, sem viajar me pego em União... e lá sei que minh’alma abre em flor;


em outras letras há alguns achados de pretéritos mais que perfeitos
quisera eu tamanha inspiração...

Lançado no final de julho em Teresina, no Teatro 04 de Setembro, com casa lotada em uma quinta-feira, numa noite de chuva torrencial,

a ‘chuva dos cajus’,
trouxe a floração de uma banda em estado de graça.

Se os pátios estavam partidos em festa, título do muitíssimo bem recebido primeiro cd da banda,









a alegria girar foi a marca, a inspiração, a respiração e a transpiração deste novo momento.

“Já é tempo de sair do lugar, já é tempo da tristeza acabar. Já é tempo da alegria girar”.

Ouçam trechos das músicas no site da banda.


Até a próxima!

Um comentário:

Eduardo Loureiro Jr. disse...

Enfim ouvi. Maravilha de som!