sexta-feira, 21 de maio de 2010

filme: NÃO POR ACASO, Philippe Barcinski


Um casal de amigos me indicou. Eu já ouvira falar sobre ele, mas eu demoro um pouco para engatar o desejo de assistir filmes, enquanto eles ainda estão sendo comentados. Depois que perdi a chance de assisti-los no cinema, eu espero. Tenho esse timing esquisito quando se trata de filmes.

“Não por acaso” (2007) é um filme sobre mudanças que nos tiram a segurança das certezas e da metodologia com a qual seguimos com nossas vidas, quando pensamos que manter as coisas como são, e acreditar que nada poderá mudar isso, é uma escolha.

Ênio (Leonardo Medeiros) é um engenheiro de trânsito que comanda o fluxo dos automóveis na cidade de São Paulo. Ele vê a sua vida mudar, após a morte da ex-mulher, Mônica (Graziella Moretto) o que o leva a ter de se aproximar e conviver com a filha adolescente, Bia (Rita Batata).

Pedro (Rodrigo Santoro) é dono de uma marcenaria especializada na fabricação de mesas de sinuca. Também jogador de sinuca, após a morte da namorada, Teresa (Branca Messina) tem de encarar a insegurança profissional e o envolvimento com uma mulher, Lucia (Letícia Sabatella).

Dirigido por Philippe Barcinski, também co-autor do roteiro, a beleza de “Não por acaso” está na cadência das perdas e na reinvenção dos personagens. Leonardo Medeiros e Rodrigo Santoro tecem muito bem essa história, com toda densidade que cabe na interferência do destino nas biografias dos personagens. Quem pensa que a vida está pronta quando ela é organizada e previsível, apenas engana a si mesmo. Somos todos passíveis das mudanças, mesmo quando não as previmos ou desejamos.

“Não por acaso” foi uma grata surpresa. É um filme que tem seu próprio tempo, que nos deixa em suspenso ou simplesmente reflexivos, em determinados momentos. A fotografia é intrigante, como a própria cidade, o roteiro está muito bem amarrado, tornando a ligação entre os personagens importante para a compreensão da trama.



Fotos: Marcos Camargo


2 comentários:

Eduardo Loureiro Jr. disse...

Carla, senti vontade de seguir sua indicação imediatamente. Vi o filme e fiquei encantado. Que filme lindo, tocante! Grato por essa bela dica.

Carla Dias disse...

Pois é, Eduardo. É um filme belíssimo mesmo. Que bom que você o descobriu : )