sexta-feira, 18 de setembro de 2009

filme: EU, MEU IRMÃO E NOSSA NAMORADA, Peter Hedges

Eu gosto de filminhos. Não, não falo de curtametragens. Filminho é aquele filme que não tem diretor famoso, não é baseado em nenhuma obra-prima da literatura universal, não retrata nenhum grande evento histórico, não tem incríveis efeitos especiais nem apresenta inovações técnicas de uso de câmera, enquadramento etc. Filminho é aquele filme que conta uma boa história e pronto. Vai direto ao ponto, emociona. Adoro filminhos.

Acabei de ver um filminho. Que a distribuidora brasileira parece que queria transformar num "filminho" (em sentido pejorativo) ao fazer a tradução do título: em vez de "Dan na vida real" ("Dan in Real Life") ou simplesmente "Na vida real", ou ainda mais simplesmente "Na real", resolveram colocar isso aí: "Eu, meu irmão e nossa namorada". Esse é tipo do título que jamais me faria a ver um filme, tanto que só soube do título depois, porque encontrei o filme na lista dos 250 melhores do IMDB (Internet Movie Database), o site para onde vou quando quero saber qualquer coisa sobre um filme qualquer, filminhos e filmões. O site é em inglês — infelizmente para alguns.

A ideia do filme chega a ser simplória: um cara, viúvo com três filhas, se apaixona pela namorada do irmão. O detalhe: antes de saber que ela é a namorada do irmão, e a caminho de um final de semana em que o irmão apresentaria a nova namorada para toda a família. Agora complicou, quer dizer, melhorou. É a vez do viúvo, que escreve colunas moralistas a la Içami Tiba, provar da tal vida real: atraído por alguém por quem não deveria estar atraído.

As situações são maravilhosas: às vezes delicadas, às vezes hilárias; sempre comoventes. Um dos destaques é a trilha sonora. Músicas ritmadas, muito gostosas de ouvir, e que dão vontade de dançar. Em determinado momento, a trilha sonora se mistura com a história, quando o viúvo está esperando uma conhecida que tinha visto pela última vez na adolescência, e que era conhecida como "cara de porco". Os irmãos de Dan inventam a canção da Cara de Porco que — surpresa! — quando chega à casa, todos descobrem tratar-se de uma mulher lindíssima. Nada comparada, entretanto, à bela Juliette Binoche, namorada do irmão, então Dan ainda tem que passar por maus pedaços.

Bom, é isso. Contei demais. Mas uma outra característica dos filminhos é que não importa você saber da história, o filme continua bom. Filminhos são bons de ver vezes sem conta, mesmo a gente já sabendo tudo que vai acontecer, tintim por tintim.



Então vão lá. Saboreiem o trailer e depois vejam o filme. E passem adiante, porque filminho também não tem grandes orçamentos de propaganda: depende do boca-a-boca.

Um comentário:

Carla Dias disse...

Este filme estava na minha lista há algum tempo. Apesar de o título em português matar a vontade de muitos em assisti-lo, tive a sorte de assistir ao trailer, e de ter aprendido a não dar tanta bola aos títulos em português. Assisti neste final de semana...
Para mim, este filme é um daqueles achados. Sabe quando estamos sem um tostão e encontramos aqueles trocados no bolso de um casaco que não usamos há um bom tempo? E os trocados são tudo o que precisamos naquele momento?
Gostei muito da forma como Steve Carell interpretou Dan. E Juliette Binoche, não adianta... Eu gosto dela! Mas Peter Hedges fez a química funcionar, com um roteiro que me agradou bastante.
Enfim, eu recomendo!